domingo, 15 de julho de 2007

minha primeira ficção





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Não pretendia de maneira nenhuma que alguma pessoa nova entrasse na minha vida. Estava tenso demais pra achar graça nas novidades, por mais que fossem pessoas legais. Continuei a minha rotina, conversando com as mesmas pessoas virtuais. Mas uma delas eu não conhecia muito bem. Ela era totalmente novata pra mim. Conversávamos coisas banais e engraçadas, tínhamos os mesmos gostos e opiniões fortes sobre os assuntos em comum, porém nunca me liguei nisso. Pra mim era só mais uma no mundo que gostava de fumar, sair pra tomar um café à vezes, ouvir música boa, ler livros interessantes, etc. Mas me convenceram de que não era uma mulher como qualquer outra. Então, tomei a decisão de ir vê-la. Ao menos vê-la. Ela me disse uma vez que gostava muito de passar as tardes de sexta-feira no café Eldorado lendo. Foi numa sexta que deixei de ser covarde. "Você não tem medo de mulheres, idiota!" - o meu ego falava isso pra mim mas eu tinha que levar em consideração que essa era daquelas inteligentes. Enfim, passei por lá e a vi: linda. O sol amarelado de fim de tarde batendo no rosto, sentada com os cotovelos apoiados na mesinha que tinha pães-de-queijo e um café recém chegado, nas mãos um livro. Os olhos dela vibravam e seguiam linha por linha do livro, o nome era Toda Terça. Não se interessava muito no café. Passei andando e entrei, anestesiado com tanta beleza e inteligência. Fiquei lá durante meia hora. Esperei que ela terminasse o café para vê-la andando. Acompanhei com os olhos e ela se foi, assim, sem perceber outras pessoas, dentro do mundo que era somente dela. Saí do café sabendo que iria conversar com ela novamente outro dia. Pelo menos através do teclado. Estava em dúvida se falaria sobre esse episódeo, até porque não é meu tipo ficar falando das coisas que faço pra outras pessoas. Achei melhor não. Talvez poderia pensar que eu estava perseguindo ela ou coisa do tipo. Depois desse dia conversamos mais algumas vezes.

Penso até hoje na cena do café e cheguei a uma conclusão:
tenho medo daquela mulher.



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